quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Carme(sim)

Pedaços de carne,
Sangrenta,
Podre,
Reles,
Fétida.

Corpos lânguidos,
prostrados no chão
de braços estendidos
pedindo uma mão.

"Oh de cima,
tu do alto,
Ouves?

Os gritos pavorosos,
Os risos frenéticos,
Os choros histéricos?

E tu, de cima,
do mais alto céu
e digno trono,
vês?

A carne a ser esbatida,
o corpo rendido
a alma vendida?

E tu prostrado e sentado,
sentes?

A paz, a guerra,
o amor, o ódio,
a tristeza, a miséria,
a alegria contagiante?"

Silêncio...

Carne exangue,
Corpo exausto,
vazio,
morto.

3 comentários:

Ana Luísa Pereira disse...

Não vê nem ouve nem fala nem esperneia. Nem se prostra ao desbaratado povo. Nem come da mesma carne.
Esse Deus é falso, o meu Deus é melhor que o deles :)

Santyago disse...

Agora fiquei com vontade de comer carne. Poemas como este mereciam ser dados nas aulas de Língua Portuguesa!

Anónimo disse...

Realmente tinha que ser do cagalhão, pois é um MERDA !