É tão giro indrominar isto de coisinhas para que as pessoas não vejam os posts decentes.
"nhé..."
domingo, 29 de novembro de 2009
Dissertações/ Dissecações - IV
O peso da consciência,
é o da cabeça oca
sobre a mão aborrecida.
A inquietude
é o formigueiro.
é o da cabeça oca
sobre a mão aborrecida.
A inquietude
é o formigueiro.
intemporalidades
Vou morrer anteontem,
porque vivo a desejar o ontem
enquanto nasço para amanhã
sem saber o que amanhã é.
porque vivo a desejar o ontem
enquanto nasço para amanhã
sem saber o que amanhã é.
Dissertações/ Dissecações - III
Queria parar o tempo para me separar dele.
As ansiedades e memórias iam-se.
Eu e tu também...
yay...
As ansiedades e memórias iam-se.
Eu e tu também...
yay...
Silogismo.
A luz projecta sombras.
Sombras são escuridão.
Logo, a luz projecta a escuridão.
"Não há mal sem bem"
Sombras são escuridão.
Logo, a luz projecta a escuridão.
"Não há mal sem bem"
Dissertações/ Dissecações - I
Não fazer sentido não é possível pois há que perceber que não faz sentido.
E eis que o berbequim morreu a furar a parede de diamante.
Parem de me invadir, todos!
Não quero ideias, não quero palavras,
(sou um hipócrita por usar ambas mesmo agora...)
não quero nada nem ninguém.
Quero ser sem os outros.
Quero sentir a genuinidade do ser humano,
longe das violações do meu intelecto e do meu ser.
Quero atirar a máscara para o chão e estilhaçá-la,
Ver todos os seus pedaços a espalharem-se pelo chão caoticamente...
Mostrar-me: podre, nojento, feliz e impenetrável.
Chocar e apaziguar.
Quero estar exposto, nu e frágil,
para que deixem de me violar.
Não quero ideias, não quero palavras,
(sou um hipócrita por usar ambas mesmo agora...)
não quero nada nem ninguém.
Quero ser sem os outros.
Quero sentir a genuinidade do ser humano,
longe das violações do meu intelecto e do meu ser.
Quero atirar a máscara para o chão e estilhaçá-la,
Ver todos os seus pedaços a espalharem-se pelo chão caoticamente...
Mostrar-me: podre, nojento, feliz e impenetrável.
Chocar e apaziguar.
Quero estar exposto, nu e frágil,
para que deixem de me violar.
Tempo
À espiral do tempo,
não se lhe avista o fim.
não estica nem encolhe,
não torce nem roda,
apenas fluí.
O presente cai no abismo,
e o passado, já está caído
e esquecido
no mais ínfimo ponto
que tão pouco se diferencia
de coisa nenhuma.
Acorrentado e arrastado,
lá há de ir o futuro,
que quando for presente,
se há de erguer e andar.
E quando for passado,
que tão bem se deixa levar,
escorrerá lá para o furo,
que não se vê mas se sente,
o do vazio absoluto
e do nada supremo.
Morre, corre, escorre,
esguio foge e guia
o nada, para a vida.
Renasce das cinzas.
Da entropia do vórtice,
para a calma do plano,
espaço e tempo explodem,
matando, ceifando, engolindo,
a espiral, o nada, o abismo.
Eternidade, porque esperas?
não se lhe avista o fim.
não estica nem encolhe,
não torce nem roda,
apenas fluí.
O presente cai no abismo,
e o passado, já está caído
e esquecido
no mais ínfimo ponto
que tão pouco se diferencia
de coisa nenhuma.
Acorrentado e arrastado,
lá há de ir o futuro,
que quando for presente,
se há de erguer e andar.
E quando for passado,
que tão bem se deixa levar,
escorrerá lá para o furo,
que não se vê mas se sente,
o do vazio absoluto
e do nada supremo.
Morre, corre, escorre,
esguio foge e guia
o nada, para a vida.
Renasce das cinzas.
Da entropia do vórtice,
para a calma do plano,
espaço e tempo explodem,
matando, ceifando, engolindo,
a espiral, o nada, o abismo.
Eternidade, porque esperas?
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Uma luz no escuro (Preto & Branco)
Ora, decidi aventurar-me na fotografia.
"Morning, oh dreadful dawn, spread your pale dim light" - Dissection - Retribution, Storm of the lights bane
(A primeira foi no palácio do Buçaco e a segunda em Gent, na Bélgica)
Este post enquadra-se no desafio Preto & Branco da Fábrica de Letras
"Morning, oh dreadful dawn, spread your pale dim light" - Dissection - Retribution, Storm of the lights bane
(A primeira foi no palácio do Buçaco e a segunda em Gent, na Bélgica)
Este post enquadra-se no desafio Preto & Branco da Fábrica de Letras
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Asdrubal, o da Enxada.
O Asdrúbal era um bicho. Mais concretamente, um homem, que vivia na aldeia de Enxada-àbaixo. O Asdrúbal era carpinteiro, ferreiro e carroceiro. Curiosamente, as carroças são feitas de madeira e ferro. No entanto, dado o seu estrabismo, todas as carroças do Asdrúbal tinham rodas ovais. Precisava também, obviamente, da burra da sogra, que lhe dava a loja para guardar a carroça, e da mula da tia Gestrudes, que tinha dois potros que puxavam a carroça.
O Asdrúbal vivia numa moradia e era um bom pai de família, com 7 catraios e catraias, bigode, e barriga de tinto. (Desculpem a redondância, a da barriga isto é.) Tinha uma mulher, a Arlinda, que era boa cozinheira, lavadeira, e parideira, e pouco mais dela o Asdrúbal sabia, porque também pouco mais lhe interessava.
Ao lado d'Enxada-àbaixo, ficava Enxada-àcima, e ,chegado Agosto, era altura da romaria anual nas duas Enxadas. Ora, como em quaisquer aldeias vizinhas que se prezem, os Enxadenses de baixo não gostavam dos Enxadenses de cima, e vice-versa. Acontece que a Arlinda, mulher do Asdrúbal, era de Enxada-àcima, mas isso não fazia diferença nenhuma, pois sendo a sogra do Asdrúbal de Enxada-àcima, mais um motivo para não gostar. De há um tempo para cá, a noite do arraial nas duas aldeias (que, por tradição e adoração ao mesmo santo, era no mesmo dia.) consistia não em ver quem tinha o melhor fogo, mas quem sabotava mais e melhor. Ora o Asdrúbal era o maior da sua aldeia, e portanto, ficou encarregue ele de toda a sabotagem.
Aconteceu que, nessa dita noite, o catraio mais velho do Asdrúbal, o Zé, fazia os seus 18 anos, pelo que o Asdrúbal foi pagar uns copos à mocidade, e a ele mesmo.
Mas, bêbado ou não, o Asdrúbal e os seus compinchas eram homens de palavra e lá foram ao dever, na sua carroça, aos solavancos, que ritmadamente acompanhavam os soluços do tinto da tasca do tio António. Desmontaram o que ia ser o arraial de Enxada-àcima e empacotaram tudo para a carroça do Asdrúbal. Pela estrada, à volta, encontraram também a malta d'Enxada-àcima com o arraial dos rivais.
Saltou tudo das carroças e resolveram o problema da melhor maneira que sabiam: à porrada. Felizmente, tanto uns como os outros estavam bebidos e em vez de ser enxada acima, enxada abaixo, enxada na cabeça, enxada nos rins, nem se acertavam e pareciam estar a fazer uma dança qualquer ridícula de capoeira (simplesmente pareciam galinhas). Acidentalmente, começou tudo a acender o fogo-de-artifício, e, numa clareira no meio do mato, lá se fez o arraial.
Foi o mais bonito de que as gentes das duas aldeias se lembram, e, com o coração mole e tocado daquilo tudo, ou simplesmente com a bebedeira, acabaram as duas aldeias por fazer o bailarico junto confraternizando e rindo como irmãos (ou irmões).
No dia seguinte andaram à batatada, cebolada, nabiçada, etc. Tudo voltara ao normal.
O Asdrúbal vivia numa moradia e era um bom pai de família, com 7 catraios e catraias, bigode, e barriga de tinto. (Desculpem a redondância, a da barriga isto é.) Tinha uma mulher, a Arlinda, que era boa cozinheira, lavadeira, e parideira, e pouco mais dela o Asdrúbal sabia, porque também pouco mais lhe interessava.
Ao lado d'Enxada-àbaixo, ficava Enxada-àcima, e ,chegado Agosto, era altura da romaria anual nas duas Enxadas. Ora, como em quaisquer aldeias vizinhas que se prezem, os Enxadenses de baixo não gostavam dos Enxadenses de cima, e vice-versa. Acontece que a Arlinda, mulher do Asdrúbal, era de Enxada-àcima, mas isso não fazia diferença nenhuma, pois sendo a sogra do Asdrúbal de Enxada-àcima, mais um motivo para não gostar. De há um tempo para cá, a noite do arraial nas duas aldeias (que, por tradição e adoração ao mesmo santo, era no mesmo dia.) consistia não em ver quem tinha o melhor fogo, mas quem sabotava mais e melhor. Ora o Asdrúbal era o maior da sua aldeia, e portanto, ficou encarregue ele de toda a sabotagem.
Aconteceu que, nessa dita noite, o catraio mais velho do Asdrúbal, o Zé, fazia os seus 18 anos, pelo que o Asdrúbal foi pagar uns copos à mocidade, e a ele mesmo.
Mas, bêbado ou não, o Asdrúbal e os seus compinchas eram homens de palavra e lá foram ao dever, na sua carroça, aos solavancos, que ritmadamente acompanhavam os soluços do tinto da tasca do tio António. Desmontaram o que ia ser o arraial de Enxada-àcima e empacotaram tudo para a carroça do Asdrúbal. Pela estrada, à volta, encontraram também a malta d'Enxada-àcima com o arraial dos rivais.
Saltou tudo das carroças e resolveram o problema da melhor maneira que sabiam: à porrada. Felizmente, tanto uns como os outros estavam bebidos e em vez de ser enxada acima, enxada abaixo, enxada na cabeça, enxada nos rins, nem se acertavam e pareciam estar a fazer uma dança qualquer ridícula de capoeira (simplesmente pareciam galinhas). Acidentalmente, começou tudo a acender o fogo-de-artifício, e, numa clareira no meio do mato, lá se fez o arraial.
Foi o mais bonito de que as gentes das duas aldeias se lembram, e, com o coração mole e tocado daquilo tudo, ou simplesmente com a bebedeira, acabaram as duas aldeias por fazer o bailarico junto confraternizando e rindo como irmãos (ou irmões).
No dia seguinte andaram à batatada, cebolada, nabiçada, etc. Tudo voltara ao normal.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Medo do escuro
Iam juntos, de mão dada, aéreos e compenetrados um no outro. Caminhavam junto a um bosque, rindo e corando como se nada mais houvesse senão a inocência e leviandade daquele momento, e gozavam de um pôr-do-sol que se espalhava pelas nuvens adentro. Um corvo passara a voar, prenunciando a noite, e pousara numa poça de água debicando e mirando-se no reflexo. Na inglória ave nada mais se via senão as asas da liberdade que ironicamente carregavam o fado. Chegaram a uma encruzilhada, o deleitoso pôr-do-sol tinha dado lugar ao tenebroso crepúsculo de sombras falsas e incompletas. Abraçaram-se, beijaram-se, e olharam-se. Olharam-se de tal desejo que pareciam querer, mais do que sucumbir ao desejo, eterniza-lo num qualquer sonho impossível e imortal.
- Não me deixes, por favor... - Dizia ela apertando as suas mãos fortes.
-Porquê?
-Porque sim... tenho medo.
-Medo? porque hás de ter medo?
-Oh, não me olhes assim... porque sim, pronto.
-Anda lá, fala comigo...
-Tenho medo de ficar sozinha...
-Sozinha? não vais ficar sozinha, eu volto, como sempre volto, nunca te deixo, nunca!
-Não é isso... tenho medo de estar sozinha, tenho medo de estar comigo...
-Hum?
-Tenho medo do que me possa fazer, de acordar de tudo isto...
-Acordar de quê? isto é real.
-Mas não parece, é tudo demasiado simples, demasiado perfeito para ser real. Não estou habituada assim a estar feliz, assim leve, sei lá... não acho que seja suposto, e tenho medo de me aperceber disso. Sozinha, no escuro.
-Oh, isso são só inseguranças, vais ver que passa.-Porquê?
-Porque sim... tenho medo.
-Medo? porque hás de ter medo?
-Oh, não me olhes assim... porque sim, pronto.
-Anda lá, fala comigo...
-Tenho medo de ficar sozinha...
-Sozinha? não vais ficar sozinha, eu volto, como sempre volto, nunca te deixo, nunca!
-Não é isso... tenho medo de estar sozinha, tenho medo de estar comigo...
-Hum?
-Tenho medo do que me possa fazer, de acordar de tudo isto...
-Acordar de quê? isto é real.
-Mas não parece, é tudo demasiado simples, demasiado perfeito para ser real. Não estou habituada assim a estar feliz, assim leve, sei lá... não acho que seja suposto, e tenho medo de me aperceber disso. Sozinha, no escuro.
-Ohh... sei lá.
-Olha para mim, vais ficar bem.
E com um beijo na testa, ele despediu-se dela. Conforme ela atravessava um camião passara, dilacerando-a no pára-choques. Ele olhou para trás, e petrificou, mortificado, prostrado no chão. Um corvo voava nos céus, e colhera a sua alma. Levara-a para a luz que restava do crepúsculo, para o horizonte. E ele ali ficara, na escuridão, perdido, amedrontado, acorrentado à saudade, amorfo. Percebera o medo dela. Não o de ficar sem companhia, mas o de ficar consigo. As trevas tomaram conta dele, apagara-se na sombra...
(Para a Fábrica de Letras, "Preto & Branco")
(Para a Fábrica de Letras, "Preto & Branco")
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O medo fecha-se em mim,
ou sou eu quem me sela nele?
Escondo este meu ser ruim
na armadura d'eriça pele.
Veias asquerosas e palpitantes,
escorre e esvaia o sangue em vós,
Corre a adrenalina a jusante.
Gritos surdos de quebra-noz.
Bate, mói e esfola,
vai e vem como a mola,
a angústia, o sangue e a cela
que se fecha dentro dela.
ou sou eu quem me sela nele?
Escondo este meu ser ruim
na armadura d'eriça pele.
Veias asquerosas e palpitantes,
escorre e esvaia o sangue em vós,
Corre a adrenalina a jusante.
Gritos surdos de quebra-noz.
Bate, mói e esfola,
vai e vem como a mola,
a angústia, o sangue e a cela
que se fecha dentro dela.
domingo, 15 de novembro de 2009
Neologismo
O neologismo,
é desculpa duma mente
criativa, mas estúpida,
que nem sabe o que sente
e quer ser é vendida.
O neologismo,
é fofinho e querida
e deveras bem parecido
enquanto é fresco e viçoso
e se usa com gozo.
O neologismo,
é arma e floreado,
sem sequer ter feriado,
tanto se dá como se vende,
e pouca gente o entende.
é desculpa duma mente
criativa, mas estúpida,
que nem sabe o que sente
e quer ser é vendida.
O neologismo,
é fofinho e querida
e deveras bem parecido
enquanto é fresco e viçoso
e se usa com gozo.
O neologismo,
é arma e floreado,
sem sequer ter feriado,
tanto se dá como se vende,
e pouca gente o entende.
sábado, 14 de novembro de 2009
bruit nocturne
Ruídos e mais ruídos, a entrarem, encavalintado-se uns nos outros reclamando um lugar, apenas querem ser ouvidos. E no entanto, por serem tantos e tão indistintos, nada passam de interferência. Apenas aqueles que lá estavam, já de muito tempo, prevalecem e continuam a ser ouvidos ditando uma qualquer-coisa-cracia que insiste em comandar o sujeito. Não é o silêncio que incomoda, são os ruídos demasiado ténues para se distinguirem quer do som quer do silêncio, as malditas indefinições.
E porém, por entre os ruídos nocturnos, parece ouvir-se uma orquestra silênciosa de medo, que nos invade e nos cobre de angústia. Queremos tanto ouvir, um estalido, um abrir duma porta, um ligar duma luz, algo que nos distraia e acalme e mande os malditos ruídos embora. No entanto, a adrenalina palpitante da estática cresce, e já não a conseguimos largar, viciamos no medo, na angústia. Mais do que queremos a calma queremos deseja-la, quer venha ou não...
E porém, por entre os ruídos nocturnos, parece ouvir-se uma orquestra silênciosa de medo, que nos invade e nos cobre de angústia. Queremos tanto ouvir, um estalido, um abrir duma porta, um ligar duma luz, algo que nos distraia e acalme e mande os malditos ruídos embora. No entanto, a adrenalina palpitante da estática cresce, e já não a conseguimos largar, viciamos no medo, na angústia. Mais do que queremos a calma queremos deseja-la, quer venha ou não...
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
La Masquerade
Ele era feio, mas feio! Aquela cara horrenda só não se parecia com um animal, porque não há animal assim tão feio. Brotava nojo por cada protuberância e cova do seu rosto, e eram muitas. Qualquer alma bem intencionada, nauseava, só de olhar para ele. Ele não gostava de si, os outros não gostavam dele. Por mais coração puro ou alma inspirada que tivesse, era horripilante. Era um monstro.
"Matem-no!"
"Queimem-no!"
"Esfolem-no!"
As pobres criaturas tinham medo.
Ataram-no a um poste, de cara tapada e bem trajado, regaram-no com azeite, e queimaram-no. Oh, como aquela gente se maravilhava com o fogo. Trazia-lhes o inferno para mais perto deles afinal. Ouviram-se gritos de horror enquanto o seu corpo se contorcia e a sua cara derretia. Eis que, no último momento, ele se ergue como um anjo e expande as suas asas tapando o sol àquela gentinha acabrunhada. Fome e pestilência foi o que se seguiu, com direito a todas as pragas. Foi-lhes dada a imortalidade, e assim, podres, moribundos e decompostos viveram a sua vida eterna. Eram feios, podres e horrendos.
"Queimem-no!"
"Esfolem-no!"
As pobres criaturas tinham medo.
Ataram-no a um poste, de cara tapada e bem trajado, regaram-no com azeite, e queimaram-no. Oh, como aquela gente se maravilhava com o fogo. Trazia-lhes o inferno para mais perto deles afinal. Ouviram-se gritos de horror enquanto o seu corpo se contorcia e a sua cara derretia. Eis que, no último momento, ele se ergue como um anjo e expande as suas asas tapando o sol àquela gentinha acabrunhada. Fome e pestilência foi o que se seguiu, com direito a todas as pragas. Foi-lhes dada a imortalidade, e assim, podres, moribundos e decompostos viveram a sua vida eterna. Eram feios, podres e horrendos.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Auto-desanálise
Sou uma fraude.
Em tudo aquilo que mostro ser, não sou.
Tudo aquilo que digo ser, é mentira.
Aquilo que penso que sou e que digo não ser, é uma falsidade.
Sou nada, mas não se pode ser nada e dizer que se é nada.
Nada é nada e não existe, portanto não é.
Podia dizer que sou um infinitésimal, afinal sou quase nada.
Mas também não sou um número.
O que podia ser,
o que quero ser,
o que sonho ser,
o que devia ser,
é tudo ilusório, e enormérrimo ao pé do que sou.
Sou humano, sou reles, sou podre.
Mas tenho a presunção de dizer que sou como vós:
Reles, miseráveis, podres.
(O que me faz pior que vós, suponho)
Eu escrevo e as letras não são minhas.
As palavras não são minhas.
Meu, é só o pensamento, e está debilitado.
Sou um ultraje, uma afronta.
Por almejar ser o que não posso ser,
por ser o que não devia ser,
por escrever com palavras de outros,
por seguir valores de outros, ideias de outros,
e mesmo assim me achar original.
Sou um momento, um instante, o agora.
Já me fui, mas estou cá outra vez, e outra.
Serei e fui finito, mas sou infinito,
pois da infinidade do instante, não me interrompo ou fragmento.
Sinto?
Penso?
Existo?
Importa?
Em tudo aquilo que mostro ser, não sou.
Tudo aquilo que digo ser, é mentira.
Aquilo que penso que sou e que digo não ser, é uma falsidade.
Sou nada, mas não se pode ser nada e dizer que se é nada.
Nada é nada e não existe, portanto não é.
Podia dizer que sou um infinitésimal, afinal sou quase nada.
Mas também não sou um número.
O que podia ser,
o que quero ser,
o que sonho ser,
o que devia ser,
é tudo ilusório, e enormérrimo ao pé do que sou.
Sou humano, sou reles, sou podre.
Mas tenho a presunção de dizer que sou como vós:
Reles, miseráveis, podres.
(O que me faz pior que vós, suponho)
Eu escrevo e as letras não são minhas.
As palavras não são minhas.
Meu, é só o pensamento, e está debilitado.
Sou um ultraje, uma afronta.
Por almejar ser o que não posso ser,
por ser o que não devia ser,
por escrever com palavras de outros,
por seguir valores de outros, ideias de outros,
e mesmo assim me achar original.
Sou um momento, um instante, o agora.
Já me fui, mas estou cá outra vez, e outra.
Serei e fui finito, mas sou infinito,
pois da infinidade do instante, não me interrompo ou fragmento.
Sinto?
Penso?
Existo?
Importa?
domingo, 1 de novembro de 2009
Chuva
Abençoai a chuva pois vos deslava dos vossos pecados, almas conspurcadas e imundas!
E também rega as plantinhas.
E dá para fazer "chap-chap".
Está a chover
E também rega as plantinhas.
E dá para fazer "chap-chap".
Está a chover
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