quinta-feira, 12 de novembro de 2009

La Masquerade

Ele era feio, mas feio! Aquela cara horrenda só não se parecia com um animal, porque não há animal assim tão feio. Brotava nojo por cada protuberância e cova do seu rosto, e eram muitas. Qualquer alma bem intencionada, nauseava, só de olhar para ele. Ele não gostava de si, os outros não gostavam dele. Por mais coração puro ou alma inspirada que tivesse, era horripilante. Era um monstro.
"Matem-no!"
"Queimem-no!"
"Esfolem-no!"
As pobres criaturas tinham medo.
Ataram-no a um poste, de cara tapada e bem trajado, regaram-no com azeite, e queimaram-no. Oh, como aquela gente se maravilhava com o fogo. Trazia-lhes o inferno para mais perto deles afinal. Ouviram-se gritos de horror enquanto o seu corpo se contorcia e a sua cara derretia. Eis que, no último momento, ele se ergue como um anjo e expande as suas asas tapando o sol àquela gentinha acabrunhada. Fome e pestilência foi o que se seguiu, com direito a todas as pragas. Foi-lhes dada a imortalidade, e assim, podres, moribundos e decompostos viveram a sua vida eterna. Eram feios, podres e horrendos.

1 comentário:

Gabriela Lacerda disse...

Olha "até me vim" ;)
tá muito giro ;) gosto da maneira como organizas as palavras, os sentimentos e os pensamentos :)
beijinhos!