sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Manifestum!

O cagalhão esperneia,
Não corre nem anda.
O cagalhão não é produto da razão,
é do traseiro.
Toda a gente tem nojo do cagalhão,
mas que ele é preciso, lá isso é.
O cagalhão não é intelectual,
nem humorista, ou cronista,
é merda.
Se o cagalhão cheira mal,
é dos vossos narizes,
Se o cagalhão tem mau aspecto,
é dos vossos olhos.
O cagalhão não sente nem pensa,
é bosta e flutua.
O cagalhão não morre,
o cagalhão seca.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Winterness

Oh frost winter, come to us!
Let your cold wind blow
to the neverending echoes of the mountains
Let the snow fall upon ourselves,
and listen to the coldness of solitude.
Bring us night,
bring us cold,
peace, at last.

Carme(sim)

Pedaços de carne,
Sangrenta,
Podre,
Reles,
Fétida.

Corpos lânguidos,
prostrados no chão
de braços estendidos
pedindo uma mão.

"Oh de cima,
tu do alto,
Ouves?

Os gritos pavorosos,
Os risos frenéticos,
Os choros histéricos?

E tu, de cima,
do mais alto céu
e digno trono,
vês?

A carne a ser esbatida,
o corpo rendido
a alma vendida?

E tu prostrado e sentado,
sentes?

A paz, a guerra,
o amor, o ódio,
a tristeza, a miséria,
a alegria contagiante?"

Silêncio...

Carne exangue,
Corpo exausto,
vazio,
morto.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Get Mad,
Go insane,
Die Away,
live again,
Do it again.

What did you learn?

Marshmallows taste good!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dead End

Caí. Não me levantei, rastejei até ao fundo do corredor. Lá, estava uma porta, velha e carunchosa, de uma madeira maciça e escura. Parecia dar para uma catacumba ou algo parecido, das bordas vinha um ar frio e fétido e a porta era baixa com uma janelinha gradeada. Tinha o trinco partido e a maçaneta pingada e escorregadia. Provavelmente alguém lá passara, não há muito tempo. Apoiado num braço, com uma dor latente no pulso que me parecia querer rasgar o braço ao meio, lá fiz por chegar à maçaneta e abri a porta. Empurrei-a num ranger tenebroso e vi umas escadas, em caracol, esguias e mal iluminadas. Arrastei-me de novo, com o peito comprimido contra o chão. As escadas eram de um calcário gasto e deslizante, provavelmente do uso e da água que lá passara. Empurrei-me com dor, o peito dorido dos solavancos no chão e os pulmões sofridos do ar húmido e gélido que se respirava.
Cheguei ao fim. Havia uma outra porta. Esta, ao contrário da anterior era toda pomposa e bem decorada, de talha dourada e maçaneta repleta de joalharia. Metade de ela era vidrada, de um vidro fumado espelhante e elegante, a outra, a metade de baixo, ostentava um belo brasão que parecia remontar talvez à mais alta aristocracia do século XV. Encontrei a maçaneta e rodei, nada aconteceu, estava trancada. Ali fiquei, sem força para voltar onde estava, sem vontade nem esperança de derrubar aquela barreira. Morri, apodreci, desapareci. A porta, essa, permaneceu fechada, quem sabe se algum dia esteve aberta...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ele voava livremente de pés bem assentes no tecto, oh como ele admirava o horizonte pairante.
Era só uma mosca, mas era bonita.
As moscas são todas feias.

sábado, 17 de outubro de 2009

Ode ao Zé, poema pimba

O zé,

Era mais um sujeito,
igual a muitos outros
Sem graça ou trejeito.

Era um bonacheirinho
de suiça despenteada
e cara de vinho.

De tintol na mão
e boina na testa,
camb'leava no chão,
Vindo da festa.

Desgraçada da Maria,
e pobre do zé,
conforme já ia,
nem se via de pé

Pêlo na orelha,
migalhas no bigode.
Assim o via na quelha,
quem encontrava Zé Pagode.

domingo, 11 de outubro de 2009

IV - A Metamorfose

E Eis que o sol se ergueu para iluminar a Terra e todos aqueles que eram dignos de a habitar. Pois se eram dignos de habitar a Terra e receber o calor majestoso do Sol, que mais mereceriam eles? Com a ascensão do bicharoco Homem, surgiu também a metafísica para lhe atormentar a alma, virou-se para os céus de braços abertos à espera de respostas. É de facto um cliché, ainda hoje fazemos isso, que raio evoluímos nós? A nossa alma, um recipiente à espera de ser cheio, é muito espelhada e inconstante. Por vezes, o mínimo lampejo de luz chega para alumiar esta alma e enche-la de qualquer coisa. Talvez por isso nos viremos para o céu iluminado e majestoso, sem nos depararmos que estamos simplesmente a tentar olhar para nós, a tentar projeccionar o nosso ego bem alto para todos o verem.
E assim, com a mesma facilidade com que um padeiro cria um pão ou um filho com a vizinha, o homem criou Deus à sua imagem e semelhança e todas as respostas foram dadas. Afinal, que interessa se a resposta é falsa? No fim, é tudo o mesmo: Morte. Portanto, "bem aventurados são os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus." Assim diz a Bíblia, e assim o é, pois aquele que tem fé deixa de ser atormentado por perguntas, é cego, reles, estúpido, inferior, mas é estupidamente feliz. Foi cedo que o ego do Homem se expandiu e se tornou venerável. Colocar-nos num pedestal e olharmo-nos de fora. Que orgulho! Que poder! Que egoísmo! Que podridão tão prazerosa! A ascenção do homem fez-se do ego. Neotenia? Sim, mantemos para sempre a curiosidade de uma criança, e sim, também seremos sempre umas crianças mimadas e egocêntricas. Um bebé de 1 mês não tem percepção de nada senão de si. Assim nós somos, vemo-nos como centro e propósito do universo girar e de toda a vida existir. Auto-aniquilamo-nos porque Deus assim o quer, porque nós assim o queremos. Reinamos por toda a terra, criamos e destruímos, é um facto. Somos donos e senhores de nós mesmos, mas somos muitos e temos medo da anarquia. Então, como camponeses amedrontados, precisamos do nosso Senhor, duma organização hierárquica, do mestre das marionetas. Somos marionetas da nossa própria criação, somos essa criação. Somos a mais pura e bela das criaturas, ou assim nos queremos fazer parecer. A condição humana como deve ser por natureza é imoral, pecaminosa, somos seres de desejos, tentações, vontade, sonhos e inconsciência. E no entanto, sabendo nós que isto é oposto do Deus recto que criámos, vemo-nos como nossos próprios Deuses, pois nos convencemos que apenas reinando no pecado a bondade se distinguirá. De facto distingue, tem como hábito ser cruxificada mais ou menos literalmente. O mártir, o santo apedrejado, cuspido e repugnado. Na sua vida terrena foi bom, é por conseguinte escumalha. Na vida celeste será igual a todos os imorais que o apedrejaram, escumalha bem tratada. A ideia de Deus reside na imoralidade e no pecado. Aquele que julga pela intenção e não pela acção é imoral e facilmente enganável. Assim nós o queremos, um juiz benevolente e facilmente corrompido. Todos os que temem o juízo final temem a Deus e são cumplices desta imoralidade. Aqueles que não participaram na sua criação temem ao homem ou não temem. Quem não teme é louco, e quem teme ao homem, tem medo de si e vive no desespero e perdição. Por temermos o desespero tememos a Deus, e no entanto não sabemos o que este é. Caminhamos para o desconhecido desconhecivel como um louco se lança para um comboio.
Vencemos os nossos medos primitivos? Não, apenas os embelezámos.

"Ashes to ashes, dust to dust..."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Outono

Choveu, finalmente choveu. Andava com saudades de apanhar uma molha. Dai ao Outono o que é do Outono, e tirai ao verão o que não lhe pertence. A culpa é do aquecimento global, os ambientalistas barbudos e cabeludos bem avisaram, mas quê? Dar ouvido a cabeludos hippies? Agora se é o Al-gore...
As andorinhas já foram, as folhas caem ensopadas, os campos alagam-se e toda a sujidade parece multiplicar-se numa torrente de lama adoravelmente porca.
O tempo cinzento cria uma certa inércia, nostalgia, ficamo-nos a olhar por uma janela molhada para a dança das folhas caídas, estupidamente quedos.

Queremos exprimir um vazio e portanto tentamos encher chouriço com parvoíces no blog.

In-existence

I look away, into the neverending horizons of oblivion. Than I look again, within myself, I see childish mourning and weeping for a neverending past, I see a burning desire for freedom and a nevercoming future. Everything delighfully filled with bliss, peace, love, hopeless dreams from a somehow lost soul.

"All dreams end here
Where our cries began
Resounding to museums
Of a world we believed
Neverending

And we stop
Exhausted
Beginning
Not again

And the panic
Like the light
Of some star
Exploding

Flashing in black holes of not knowing
If we ever made a away out of this mud"