domingo, 16 de maio de 2010

The End

As pessoas estão a desaparecer desta vida... Estão cada vez menos pessoas, menos humanos. Muitos dirão que temem as máquinas que havemos de criar, mas não se apercebem que eles mesmos se estão a transformar em objectos, frios, insensíveis e mecânicos. E é com profunda melancolia que me auto-anuncio o óbvio. A pureza está a desaparecer das almas humanas. A estética da existência provou tornar-se num profundo grotesco de selvagidade, em que todos se comem, todos se usam, todos procriam, e não fazem uso da memória, com medo que esta apele à já reles consciência. Já ninguém sequer sofre verdadeiramente, já não dói existir, dói aquilo que a caixinha de formatação diz que é suposto doer, e é suposto doer não ser considerada a maior rameira que há por aí. Aquele que não se vende não tem direito a entrar no mercado sujo, badalhoco, asqueroso, nojento da procriação ciclicamente assistida. É o preço da popularidade e sucesso social projectado. Mas que importa? Quem se importa? Todos tiram partido, são todos interesseiros, uns admitem que são porcos e vivem felizes, outros escondem-se a si mesmos que são porcos e vivem felizes, e a maioria nem sequer tem consciência de que são porcos. E depois, lêem estas katharsis de casa de banho e dizem todos que sim senhor, que os outros são porcos. Ninguém me leve a mal, mas o porco até é um animal bem sucedido, come tudo, engorda com felicidade e não se importa de viver numa pocilga. Quando chega à matança, estão todos lá, para receber o seu quinhão, seja uma costeleta, um presunto, bacon, banha, tripas, tiram-lhe tudo, ao pobre do animal só fica descansada a alma que já foi para outro sítio melhor. Todos dirão que foi um bom porco, que gostavam muito do porco, e que é uma pena terem de matar o porco, mas claro, só falam depois de enfardar, imersos numa atmosfera gaseosa dos digeridos de porco. Provavelmente tem sido sempre assim, as consciências é que demoram mais tempo a despertar agora.
A sanidade é uma ilusão criada pelos delusionismos da insanidade que é viver em medo constante da morte.

sábado, 8 de maio de 2010

I want to be human
I want...
Tapa os ouvidos e fica no mais íntimo silêncio. Deixa que o palpitar das tuas veias e o ranger das tuas articulações te perturbem. E depois sai, e ouve o mundo todo.
Vais ter medo,
vais querer fugir,
vais querer parar de sentir,
vais querer berrar para só a ti te ouvires,
vais enlouquecer,
vais alucinar,
vais matar,
vais estoirar os miolos.

Não és mais humano,
não tens de ouvir.

Drawning, sinking, rising to end.
Eat my flesh, devour my sin,
Wing my bones and let me fly,
Sear me, scar me, make me yours
Love me, leave me, cry away
My blood keep, you'll have to stay