Porquê os círculos infinitos concêntricos no cerne psicológico de um? Porque é que um afasta e repele outros e estabelece distâncias invisíveis com eles? Porque não há um de interagir com o próximo como sendo efectivamente próximo? Tudo isto é fugaz e efémero e tem um tanto ou quanto de ridículo e parvo. As almas querem almas, querem-se a elas, querem insistentemente e fogosamente rever-se no outro para que a sua estadia tão transitória se amaine e parece ter sentido.
E eu que me vejo em ti, e nele e nela, e sei que vos desejo, e que me desejam, e que nos revemos e que nos ligamos, porque me hei de prender a um círculo que vos repele, e fechar-me numa bolha de misantropia? Porque hei de eternamente deambular entre olhares mais longos do que o suposto e permanecer inerte? Se preciso de ti, e dos outros e de calor.
Se sei que vos hei de repelir mais tarde e consumir como um combustível que arde, pois tudo é fugaz e efémero, e a necessidade implícita do outro implica a sua perda e rejeição. Não serei sozinho, nem serei eterno, nem vós, amigos, conhecidos, desconhecidos e demais. Que o mundo gire sem mim e sem vós, e permanecerei como os astros, frios e longíquos, circunscrito aos meus eixos. E que a mecânica do tempo me afaste e aproxime de voz, sem excentricidades na órbita.
*Título do album de true widow, e em cima está a capa.
1 comentário:
A isto se chama compasso. Ver e rever nos outros, como me vejo e revejo em ti e no que aqui dizes. Desde que te conheço.
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