domingo, 14 de março de 2010

Se algum dia apareceres, foge para longe, Se existires, tenta morrer ou esquecer. Se te procurarem, não te dês, Se procurares alguém, pára. É Inútil. Quando vires nojo, ódio e podridão à tua volta,
não estranhes, é sinal que as coisas estão como devem. Ninguém gosta de ti nem de ninguém, Deus abandonou-te e abandonou-se, desistiu de existir. Não há nada senão este lugar ermo e podre e outros lugares ermos e podres. Tens medo, muito medo, avisaram-te que ia ser assim, Mas nunca percebeste. Agora percebes. Percebes o que é ver a tua alma despedaçar-se como lepra em frente a um espelho, Percebes o que é pavoneares-te na rua como carne num talho, à espera de ser fatiada e devorada. Agarraste àquilo que tens, à vontade de te agarrares a alguma coisa. És, ou pelo menos foste, demasiado pura para estar neste mundo. Já não és, Já te devoraram, Já te violaram, és mais um produto dessa qualquer coisa rastejante, mucosa e regurgitada. Desculpa.

3 comentários:

Frederico Reis disse...

Até me vim.
Está bastante porreiro - filosófico até - para dedicar a uma ex-namorada.

Santyago disse...

Está bastante bem pensado este texto, representa aquilo que eu penso a decadência do ser humano como um ser materialista incapacitado de pensar por si próprio. Quando se apercebe dos seus erros, normalmente chega tarde demais para os corrigir. Aquilo que pensava ser a sua vida melhor, foi afinal uma vida fútil.

Ana Luísa Pereira disse...

Aprecio tudo o que é feito com destreza.
Aprecio, portanto, a tua clarividência.