domingo, 26 de julho de 2009

L'enfer, c'est les autres

O ódio, o mais humano dos sentimentos, como antítese frustrada do amor, cúmulo do desejo doentio de umas hormonas eternizadas pelas musas clássicas como expressão máxima da estética sentimental. Pois será mais humano aquele que odeia a humanidade ou aquele que a ama? Aquele que se ama a si mesmo, ama a humanidade. Não por ser generoso de coração e ter que abunde para o seu ego e tudo o mais, mas porque o ego é um balão à frente dos nossos olhos, quão mais preenchido, menos vemos. Assim, aquele que se vê como ser perfeito, feliz, não pode consequentemente ver a miséria que o rodeia, pelo que tenta pinta-la, qual impressionismo manhoso, de forma alegre e despreocupada. Mas não melhor é o que se odeia a si mesmo, pelo que o egoísmo é igual, e o efeito é o mesmo, é que isto de amor e ódio, de bem e de mal, vai dar tudo ao mesmo. Talvez haja a pequena diferença de que o que se ama a si mesmo sente-se amado quando é odiado, e aquele que se odeia a si mesmo sente-se odiado quando é amado, nenhum deles se apercebe, a percepção que temos do mundo é virgem, a interpretação dela está conspurcada pela nossa mente, jamais objectiva ou virgem. A auto-análise é destrutiva, pelo que procuramos comparar-nos sempre a alguém, a quem já fomos, a quem queremos ser, àqueles que nos rodeiam... Nunca nos compreenderemos a nós nem nunca ninguém nos compreenderá, por isso temos tanto medo de conviver connosco, porque somos responsáveis pela nossa própria alma e sabemos que ela não é pura, mesmo sem conhecer a pureza. Talvez não seja suposto ser, talvez seja suposto ser assim, humana em todas as suas virtudes. E também por isso procuramos encontrar outras pessoas, conviver, alguém que se reveja em nós o suficiente para coleccionarmos fragmentos daquilo que estamos convictos de sermos nós mesmos, para nos conseguirmos definir em relação aos outros. E no entanto queremos crer que estão errados, não queremos ser compreendidos, pelo que nos sentimos expostos ao mundo, apenas queremos ser admirados pela nossa imagem fidedigna. Tudo o que fazemos é apenas um espectáculo de máscaras, para agradar aos outros, e fugir da crítica, da censura, da vergonha e do medo. Aquele que representa o mau da fita quer ser odiado porque odeia, e o anjo, chateia toda a gente pela sua perfeição desumana, todo o bem implica mal, pelo que são uma negação mútua.

2 comentários:

N pus Rosa Branca pq n me apetecia introduzir os meus dados disse...

Vou.te ser sincera rapaz, nem li o texto...lol

o título deixou.me deslumbrada...Coiso

Eu prometo q leio o texto.

Anónimo disse...

Pavavras pouco "vividas" mas verdadeiras